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sexta-feira, 14 de março de 2008

Juvenis Lição 11

Texto Bíblico:

Atos 2.1-4

Mais informação sobre a lição

Disparidades

O final do século XIX foi uma época complexa e turbulenta. Os Estados Unidos não pareciam unidos e não agiam mais como uma união. A unidade se fora. Era uma época de divergências enormes. As pequenas igrejas do interior começavam a sentir a dor do êxodo, graças ao crescente número de pessoas que se mudava para as cidades por causa de trabalho e dos confortos da vida urbana. Contudo, a cidade não era sempre agradável com seus habitantes, em especial se os recém-chegados não soubessem falar a língua e fossem destituídos economicamente. Se, em 1896, alguém lesse apenas as manchetes dos jornais pensaria que os protestantes tinham motivo de regozijo, pois ambos os candidatos presidenciais eram cristãos que haviam nascido de novo: o republicano William McKinley, um metodista, e o democrata William Jennings Bryan, um presbiteriano. No entanto, nas cidades, a distância entre a renda da classe média protestante e a da classe trabalhadora pobre aumentava rapidamente. Esta distância aprofundou a divisão entre os que abraçavam o “Evangelho da prosperidade” e os que defendiam a aplicação do “Evangelho social”.

O Evangelho da Prosperidade

Os intelectuais da igreja protestante reagiram à crise das cidades de maneiras opostas. De um lado da questão estava Russell H. Conwell (1843—1925). Do outro lado, havia Walter Rauschenbusch (1861—1918). Conwell tornou-se o principal porta-voz do que passou a ser conhecido como o Evangelho da prosperidade. Ele defendeu esta posição em um famoso sermão que pregou seis mil vezes, intitulado “Acres of Diamonds” (“Terras de Diamantes”)! Pastor de uma das maiores congregações dos Estados Unidos e fundador da Universidade Temple, na Filadélfia, em 1888, Conwell afirmava que os Estados Unidos, exatamente como Jesus proporcionara a salvação, proporcionavam oportunidades, e estimulava todos a alcançarem o sonho americano. Ele honestamente acreditava que todos que desejassem poderiam alcançar este sonho.

O Evangelho Social

Mas nem todos eram tão otimistas. Por volta de 1900, 10% das famílias americanas controlavam 90% da riqueza da nação. Logo, a agitação e os tumultos trabalhistas tornaram-se uma realidade. Em uma tentativa de suprir a necessidade imediata, muitos cristãos ajudaram a formar missões de ajuda, como a ACM, o Exército de Salvação e outras organizações. No entanto, o desenvolvimento teológico mais profundo para tratar a injustiça da classe média e o trabalhador pobre foi denominado de “evangelho social”, mais tarde conhecido como “cristianismo social” e, em algumas ocasiões, de “socialismo cristão”.

Homens como Walter Rauschenbusch achavam inadequado proclamar a salvação para pessoas não salvas. Devia-se retirar o pobre de sua condição econômica deplorável pela transformação das estruturas sociais da época. A boa notícia era que havia pastores articulados que se importavam profundamente com o pobre. A má notícia era que em sua preocupação com o pobre, eles cometeram o erro proverbial de jogar fora o bebê junto com a água do banho, fracassando em enfatizar o papel da conversão pessoal.

Walter Rauschenbusch e Washington Gladden

Quando Walter Rauschenbusch pastoreava na Hell’s Kitchen (‘Cozinha do Inferno”), na cidade de Nova York, ele viu que a conversão individual e os padrões de disciplina cristãos não resolveram as feridas e as dores da cidade. Foi aí que ele se virou para o evangelho social e continuou refinando-o, de 1897 a 1918, como professor do Seminário Teológico Rochester. Ele era um professor e pregador tão vigoroso e poderoso que o consideravam, junto com Jonathan Edwards e Horace Bushnell, um dos mais influentes pensadores do cristianismo americano. Em 1907, ele chamou a atenção internacional quando publicou Christianity and the Social Crisis (“O Cristianismo e a Crise Social”). Embora fosse parcialmente surdo, viajou a centenas de locais para dar palestras sobre tópicos que seriam descritos pelos títulos dos livros que deixou como legado:

For God and the People: Prayers of the Social Awakening (“Para Deus e o Povo: Orações do Despertar Social”)

Christianizing the Social Order (“Cristianizando a Ordem Social”)

Dare We Be Christians? (“Ousamos Ser Cristãos?”)

The Social Principles of Jesus (“Os Princípios Sociais de Jesus”)

A Theology for the Social Gospel (“Teologia para o Evangelho Social”)

Embora claramente liberal em suas percepções teológicas, Rauschenbusch era um gênio na análise da cultura e na tentativa de fazer aplicações bíblicas. Pregava salvação social, em vez de salvação individual. Pregava contra o pecado social, em vez de contra o pecado pessoal. Rauschenbusch definia o pecado social como as estruturas culturais antibíblicas, que não imitavam a Cristo e despojavam as pessoas de suas necessidades básicas e fundamentais, como alimento, vestimenta e abrigo. Ele redefiniu a frase “Reino de Deus”. Defendia que Deus e o homem de alguma maneira trabalham juntos contra as forças do mal para trazer justiça, democracia e fraternidade, e assim trazer o Reino de Deus.

Outros pastores também compartilhavam as idéias de Rauschenbusch. Um dos porta-vozes mais articulados do evangelho social foi Washington Gladden (1856—1918). Gladden pastoreou alguns de seus anos mais frutíferos em Columbus, Ohio, onde, de 1900 a 1902, serviu no Conselho da Cidade de Columbus. Esta foi uma maneira de modelar para outros cristãos sua crença de que os crentes deviam participar das questões relacionadas à vida da cidade. Gladden publicou mais de 38 livros, cujos títulos mostram a paixão de seu coração:

Applied Christianity (“Cristianismo Aplicado”; 1886)

Social Salvation (“Salvação Social”; 1902)

The Christian Pastor and the Working Church (“O Pastor Cristão e a Igreja da Classe Trabalhadora”; 1907)

The Church in Modern Life (“A Igreja e a Vida Moderna”; 1908)

Gladden estava extremamente comprometido com a aplicação da teologia cristã aos problemas da cultura industrial e urbana. Ele demonstrou a natureza prática de suas preocupações no hino que escreveu “O Master, Let Me Walk with Thee” (“Ó Mestre, Deixe-me Caminhar Contigo”), que hoje encontramos em alguns hinários protestantes. E seus escritos e sermões, Gladden suplicava às pessoas que integrassem a fé cristã no local de trabalho e agissem moralmente e com justiça em todas as decisões, mesmo nas decisões de negócios.

Embora algumas definições bíblicas de Rauschenbusch fossem deficientes, é importante lembrar que a voz de Rauschenbusch, as preocupações de Gladden e de outros como eles tentavam desesperadamente corrigir o egoísmo desmedido do que Mark Twain, em 1873, chamou de “Era Dourada”. É importante lembrar, ao avaliar o pensamento de Rauschenbusch, em especial em relação à vinda do Reino de Deus, que ele viveu em uma época de otimismo. Considerava-se que a perfectibilidade do homem e da cultura estava ao nosso alcance. De acordo com a maioria dos pensadores, as coisas estavam ficando melhores. Mais tarde, a Primeira Guerra Mundial (1914—1917) esmagou o otimismo nacional.

Avaliação de Rauschenbusch

Embora eu, como evangélico conservador, sinta-me tentado a atacar o óbvio liberalismo de Rauschenbusch, sinto que seja mais benéfico, para mim e para o leitor, parar e contemplar o que ele fez e disse de relevante que mereça a nossa atenção. Seu ministério pastoral iniciou-se na parte mais repulsiva da cidade de Nova York. Ele convivia todos os dias com a miséria e a sordidez de um sonho nacional desfeito. Como jovem pastor e, mais tarde, como professor maduro, ele tentou desesperadamente achar uma maneira de tratar o fracasso da humanidade. Embora sua interpretação bíblica deixe muito a desejar, temos de respeitar as corajosas tentativas (embora reconhecidamente inadequadas) de fazer uma aplicação da Palavra nas questões sociais. Quando examinamos as cidades e a aparente inabilidade do evangelho de penetrar o coração dos trabalhadores e suas estruturas trabalhistas, percebemos a necessidade desesperada de se obter uma solução. Rauschenbusch corajosamente ofereceu um meio de superar o problema.

A Busca por Equilíbrio

Depois de dizer que as tentativas de Rauschenbusch foram nobres, devo acrescentar que parece que ele rejeitou temas bíblicos fundamentais, tais como o pecado, o arrependimento e a salvação pessoal. A grande tragédia do evangelho social não foi o que ele fez, mas o que deixou de fazer. Como historiador amador, cujo interesse é a história da igreja, estou confortavelmente cem anos distante desses acontecimentos e acho fácil ver as falhas. Eis as minhas perguntas: por que alguém que defende as mudanças de males estruturais não pode também chamar a atenção para a necessidade de conversão pessoal? Por que a mesma pessoa que chama o dono de favela para limpar seu edifício não pode também chamar os proprietários e seus locatários para conhecer a Cristo de uma maneira pessoal? Por que o organizador do sindicato que reúne os trabalhadores para uma greve não pode também ensiná-los sobre os momentos adequados para a bíblica submissão à autoridade? Por que os pregadores do evangelho da prosperidade (como Russell Conwell) não podem chamar os donos de corporações para caminhar com humildade, justiça, integridade e eqüidade econômica? Por que tem de ser ou isto ou aquilo? Por que não pode ser os dois?

A resposta não está nem no evangelho da prosperidade nem no evangelho social, pois, se olharmos para os dois lados, concluímos que a igreja não está equilibrada. Quando pomos a igreja em “uma tigela e misturamos vigorosamente por dez minutos” obtemos uma “mistura” que, de fato, é a igreja. Walter Rauschenbusch estava certo? Washington Gladden estava certo? Russell Conwell estava certo? Não; porque cada um deles tinha desequilíbrios. Contudo, quando os juntamos e acrescentamos D. L. Moody, eles fazem um ótimo trabalho de representação da igreja. É nesse sentido que afirmo, entusiasticamente, que embora a própria civilização não tenha esperança, a igreja — quando reflete tudo que Cristo é — preserva tudo que merece ser preservado na civilização. Desse modo, Deus — por intermédio da igreja dEle — salva a civilização.

Reconheço que este capítulo iniciou-se com divisão (a Guerra Civil) e termina com divisão (evangelho da prosperidade versus evangelho social). A oração de Jesus não foi realizada: “Para que sejam um” (Jo 17.11). Assim, você pode perguntar: “Por que você não desiste da igreja?” Não posso desistir da igreja porque Deus não desiste dela. E por que Ele não desiste dela? Por que Ele nos suporta? Eis a resposta: Ele não desiste de seus filhos briguentos da mesma forma que os pais terrenos não desistem de seus filhos quando estes brigam entre si. Exatamente como um bom pai terreno, Deus espera. E espera. Ele espera pela unidade total e pela restauração. Ele não desiste de seus filhos. Em vez disso, Ele ajuda pacientemente a igreja — tentando formá-la de novo e reformá-la — a fim de que possa usá-la para salvar a civilização.

O Surgimento de um Novo Movimento

Durante o século XX, o segundo movimento poderoso foi o movimento pentecostal/carismático/terceira onda. Sabe-se que alguns pentecostais não querem ser associados aos carismáticos, e alguns pentecostais e carismáticos não estão de todo familiarizados com a “terceira onda”. No entanto, historicamente, há similaridades suficientes entre esses três movimentos para vê-los como partes de um todo mais abrangente. Da mesma forma que conhecemos os batistas pelo evangelismo, os pentecostais são conhecidos (junto com seus primos de santidade) pela ênfase em um trabalho mais profundo do Espírito Santo, em que algo acontece depois da conversão.

As Raízes da Santidade

Nos últimos anos do século XIX, os que estavam famintos por uma vida mais profunda em Cristo, conhecida como santificação, foram forçados a sair da igreja Metodista, ou isto escolheram. No final do século XIX, os metodistas, como denominação, começaram a desassociar-se da idéia de ter uma vida mais profunda, que era a meta de seu fundador John Wesley. Muitos dos que saíram porque queriam manter a ênfase na santidade ajudaram a fundar igrejas e pequenas denominações de santidade.

O Início dos Pentecostais

Um pouco depois da meia-noite do dia 1 de janeiro de 1901, iniciava-se um novo movimento — o pentecostal. Um século depois, haveria um milhão de pentecostais. Aquela noite, em uma reunião de oração, Agnes Ozman, aluno de Charles F. Parham, na Faculdade Bethel de Bíblia, em Topeka, Kansas, começou a falar em línguas. Quando a experiência espalhou-se por toda a escola, Parham convenceu-se de que aquela glossolalia ou “línguas desconhecidas” era o que ele chamava de evidência bíblica do batismo no Espírito Santo. Esta doutrina tornou-se o princípio primordial do emergente movimento pentecostal.

William J. Seymour, pregador afro-americano nas congregações de santidade, em Houston, Texas, ligou-se a Charles Parham durante a cruzada Parham Houston. Depois disso, Seymour foi para Los Angeles a fim de falar em uma Igreja do Nazareno, na Santa Fe Street, à convite da sra. Hutchinson. Na época, Los Angeles tinha uma população de 228 mil pessoas,1 muitas provenientes de todos os Estados Unidos. Assim, elas eram sociologicamente desenraizadas e espiritualmente abertas.

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