Despenseiros dos Mistérios de Cristo - Ev. Isaías de Jesus
TEXTO ÁUREO = “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. I Pe 4.10
VERDADE APLICADA = Os que receberam um determinado oficio para atuarem na obra de Deus devem ser fiéis na execução dos seus deveres.
LEITURA BIBLICA = I Co 4.1-5
INTRODUÇÃOPAULO, MINISTRO E DESPENSEIRO DE DEUS
A reputação de Paulo foi injustamente criticada em Corinto. Ele usou muitos argumentos para ampliar a compreensão que a igreja tinha de seu ministério apostólico. Como despenseiro dos mistérios de Deus, ele sabe que, para que uma igreja funcione bem, seus lideres e membros devem estar em harmonia uns com os outros. Os capítulos 4 e 9 de 1 Coríntios tratam diretamente do papel de Paulo como apóstolo e nos mostram ser possível promover a compreensão entre obreiros e crentes em geral em todas as congregações.
1 - O APOSTOLADO É UM DOM MINISTERIAL PARA A IGREJA
Antes de apresentarmos Paulo como um despenseiro dos mistérios de Deus, traçaremos seu perfil apostólico, pois ele é um enviado de Deus ao mundo gentílico (At 9.15). Quanto ao termo apóstolo, Paulo o aplica informalmente, aos mensageiros das igrejas em missões (2 Co 8.23; Fp 2.25) e, mais formalmente, ao dom espiritual, concebido por Cristo aos que proclamam o evangelho (I Co 1.1).
a) Conhecendo a função de um apóstolo - Com respeito à identidade dos apóstolos e do período de seu ministério, entendemos que eles faziam parte de um grupo especial de pessoas consistindo nos doze. Tal termo foi concebido ao próprio Cristo (Hb 3.1), aos doze que participaram do ministério terrestre de Cristo (Mt 10.2) e a Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1). Eram homens de reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o evangelho com milagres.
Os apóstolos precisavam ser testemunhas oculares (At 1.21,22; 10v 9.1). Eram dotados de poderes especiais, como credenciais de seu oficio (At 5.15,1 6). Eram também agentes especiais do reino, em sua autoridade e administração (Mt 10.5,6).
Eles recebiam um serviço e uma missão definidos para os dias de Jesus. Sendo assim, fora da era apostólica não há ninguém que possa ser qualificado como apóstolo, no sentido primário.
Os apóstolos foram enviados por Cristo, e o acompanharam em sua segunda viagem pela Galiléia. Cumpria-lhes duplicar o tipo de ministério que Jesus tivera em sua primeira viagem por aquele território. Esse ministério envolvia autoridade sobre os demônios, cura de enfermidades e a pregação da mensagem espiritual, sobretudo como preparação da chegada do reino de Deus (Mt 10.1). Mais tarde, receberam autoridade relativa à igreja (Mt 16.17; J0 20.21-23).
b) O apostolado no Novo Testamento - O vocábulo “apóstolo” também é usado no Novo Testamento em sentido especial, em referência àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer a igreja. Tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais tem hoje (l Co 15.8). Os apóstolos originais do Novo Testamento não têm sucessores.
c) Os apóstolos foram úteis para o propósito de Deus - Apóstolos, como dons concedidos à igreja hoje, continuam sendo essenciais para o propósito de Deus. Se as igrejas cessarem de enviar pessoas assim, cheias do Espírito Santo, a proclamação do evangelho em todo o mundo ficará estagnada. Por outro lado, enquanto a igreja enviar tais pessoas cumprirá a sua tarefa missionária e permanecerá fiel à grande comissão do Senhor (Mt 28.18-20).
II - DEUS REPARTIU DONS À IGREJA
Paulo escreveu com autoridade apostólica: “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus” (2 Co 4.1). Ele é um servo a quem foi confiada à administração dos dons do Mestre. Uma posição tão importante é acompanhada de uma grande responsabilidade, não perante uma autoridade terrestre, mas perante o próprio Deus.
a) Paulo foi um despenseiro de Deus - O despenseiro é o empregado de confiança que zela pela correta utilização dos bens de outra pessoa. Assim, Paulo foi um despenseiro dos mistérios de Deus, ou seja, da auto- revelação que o Senhor confiou aos homens e é preservada nas Escrituras.
O conceito de despenseiro ou mordomo doméstico era mais familiar no mundo antigo, quando todo homem bem-sucedido tinha um mordomo que controlava seus negócios, plantações, dinheiro e escravos (Gn 43.16-25; 44.1-13; Mt 20.8). Espiritualmente falando, todos devem ser bons administradores dos dons que nos foram concedidos por Deus.
A idéia de despenseiro surge somente no Novo Testamento, quando o original grego utiliza o termo “oikonómos” que figura “o gerente da casa” (Lc 12.42; 16. 1,3,8; Gl 4.2; l Pe 4.10). Outra palavra grega para despenseiro é “epítropos” cujo sentido é encarregado (Mt 20.8; Lc 8.3; Gl 4: 2). No hebraico existem três expressões diversas, que se aproximam da idéia, a saber:
a) “Bem mesheq” que significa filho de aquisição, termo que Abraão usou para referir-se a Eliezer (Gn 15.2).
b) “Háishasher al”, equivalente a “homem que está acima”, usada em Gênesis 43.19, e que a nossa versão traduz por “mordomo”.
c) “Asher ai bayit”, “quem está sobre a casa”, que é usada em Génesis 44.4, e que a nossa tradução portuguesa também traduz por “mordomo”, Mais adiante desse sentido é o termo hebraico “Sar”, que aparece em l Crônicas 28.1 e que a nossa versão portuguesa traduz por “administrador”.
Sendo assim, Eliezer foi o administrador da casa de Abraão, o qual tomava conta da propriedade ou negócio de seu senhor. No Egito, José também se tornou um administrador (Gn 43.18,- 44.1,4), uma posição importante. Os reis, naturalmente, tinham os seus administradores (l Rs 16.9; Lc 8.3).
O cargo envolvia confiança e responsabilidade, porquanto um homem sempre se mostra cuidadoso acerca de suas possessões; e, quando tem muito para guardar, quer que homens de plena confiança o façam. Um auxiliar assim alivia muito o trabalho de um proprietário, quando faz seu trabalho bem feito, de modo apropriado.
b) Os cristãos são também despenseiros de Deus - Todos os cristãos são igualmente despenseiros do Senhor, que administram seus “bens”, não para proveito pessoal, mas em beneficio da família cristã, que é a igreja. As parábolas dos talentos e a das minas ilustram a responsabilidade de aperfeiçoar-se no uso dos dons e oportunidades que Cristo concedeu (Mt 25.14-30; Lc 19.19-28).
c) Os despenseiros devem cuidar dos seus bens - O despenseiro não deve esconder, nem desperdiçar os bens que seu Mestre lhe confiou. Antes deve administrar sua distribuição aos membros da família (l Tm 5.8). Nós, os cristãos, somos todos “despenseiros da multiforme graça de Deus” (I Pe 1.10).
Cada cristão deve usar seus dons para servir uns aos outros. Embora Paulo tenha sido encarregado da dispensação de um “mistério” revelado pessoalmente a ele (Ef 3.1-9), a designação “despenseiro” serve para todos nós.
III - DEUS REQUER FIDELIDADE DE SEUS DESPENSEIROS
Encarregado de providenciar o alimento e todas as coisas necessárias a uma grande propriedade, o despenseiro tinha que prestar contas, não aos seus colegas, mais a seu senhor. Não tinha de tomar suas próprias iniciativas, e muito menos exercer sua própria autoridade pessoal. Simplesmente tinha de cumprir as ordens do seu senhor e cuidar fielmente do serviço.
a) Devemos nos considerar responsável perante Deus - O apóstolo Paulo se considerava responsável, não perante os coríntios ou qualquer tribunal humano (l Co 4.3), mas somente perante Deus ( I Co 4.4).
Ele possuía uma consciência firme de que prestar contas de sua mordomia, e essa sensibilidade o tomava ainda mais responsável para as necessidades dos irmãos coríntios. Ele não vai privá-los do que Deus providenciou para eles. Como bom despenseiro, vai garantir que o alimento certo chegue na hora certa,
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