LIÇÃO 03 - PARTIDARISMO NA IGREJA

LIÇÃO 03 - PARTIDARISMO NA IGREJA

INTRODUÇÃO

O partidarismo era um dos principais problemas da igreja em Corinto. Por falta de maturidade espiritual, os membros desta igreja se dividiram em grupos, que eles mesmos haviam formado. Uns diziam: “Eu sou de Paulo”; outros, “eu sou de Apolo”; outros, “eu sou de Cefas”; e outros, “eu sou de Cristo” (I Co 1.12; 3.4,5). Essas divisões estavam trazendo prejuízos para a igreja em Corinto. Por isso, depois da saudação e de dar graças pela igreja (I Co 1:1-9), o apóstolo Paulo escreve acerca das divisões na igreja (I Co 1:10-4:21). Ele demonstra que o “espírito de partidos” dentro da comunidade cristã é incompatível com o espírito de amor (I Co 1:12-16), e não está de acordo com os princípios básicos do evangelho (I Co 1:17-3:4).

I - QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO “PARTIDARISMO NA IGREJA?”

A palavra “partidarismo” deriva-se de “partido”, que significa: “um grupo de pessoas unidas pelos mesmos interesses, ideais e objetivos”. Em Corinto, os cristãos estavam deixando a unidade cristã e se reunindo em grupos, causando assim, facções e divisões na igreja. As facções giravam em torno de seus obreiros preferidos (I Co 1.12,13; 3.4,5). O apóstolo Paulo enumera, pelo menos quatro grupos que havia na igreja de Corinto:

1.1 Os que diziam: “Eu sou de Paulo”. Esse grupo gloriava-se em autoproclamar-se como o grupo de Paulo. Não que ele apoiasse qualquer divisão ou facção na igreja, mas que eles usavam indevidamente o nome do apóstolo, possivelmente por ter sido ele o fundador daquela igreja e o primeiro a lhes pregar o verdadeiro evangelho.

1.2 Os que diziam: “Eu sou de Apolo”. Apolo era um pregador eloqüente e poderoso nas Escrituras, instruído no caminho do Senhor e fervoroso de espírito, mas, conhecia somente o batismo de João. Ao chegar em Éfeso, encontrou Priscila e Áquila, que lhe declararam mais pontualmente o caminho do Senhor (At 18.24-28). De Éfeso, Apolo viajou para Corinto (At 19.1), onde se opunha aos judeus, provando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo. Não é de se estranhar que alguns cristãos em Corinto tivessem um afeto especial por este pregador eloqüente.

1.3 Os que diziam: “Eu sou de Cefas”. Cefas é a forma aramaica do nome grego Pedro. Não existe nenhuma indicação clara que Pedro tenha ido a Corinto. Porém, os partidários de Cefas, possivelmente tenham uma preferência pelo mesmo, devido ele ter sido um dos seguidores de Jesus, além de sua liderança reconhecida no meio dos apóstolos (Gl 2.9) e de sua participação no início da igreja (At 1.15-17; 2.14).

1.4 Os que diziam: “Eu sou de Cristo”. Os que pertenciam a este grupo consideravam-se os mais espirituais. No entanto, eram exclusivistas e cometiam em um grave erro: só admitiam um líder, Cristo. Dessa forma, rejeitavam a autoridade dos apóstolos e líderes da igreja. Esta atitude demonstrava bem claro que os mesmos não haviam compreendido perfeitamente a mensagem do evangelho.

É dever da igreja honrar, respeitar e amar os obreiros do Senhor, mas não devemos fazer dos mesmos ídolos, nem formar grupos preferenciais na congregação, em torno dos obreiros prediletos. A falta de união entre os irmãos prejudica tanto os crentes, individualmente, como o desenvolvimento da obra de Deus.

Por isso, o apóstolo Paulo repreende os coríntios, perguntando-lhes: “Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (I Co 1.13).

II - CAUSAS DO PARTIDARISMO NA IGREJA EM CORINTO

Enumeramos, pelo menos três razões por que havia partidarismo em Corinto:

2.1 Carnalidade. Os crentes em Corinto permitiram que o “velho homem” prevalecesse sobre a nova natureza implantada pelo Espírito Santo (II Co 5.17). Por isso, são denominados de carnais (I Co 3.1,3). Vejamos algumas características do homem carnal:

• É sectário ( I Co 3.4).
• É dominado pela inveja (I Co 3.3).
• É dado a contendas (I Co 3.3);
• Não se aflige ante os problemas da igreja (I Co 5.1-13; 6.13-20).
• Vive uma vida mista, querendo agradar a si mesmo, ao mundo e a Deus (I Co 10.21,21).

A natureza humana pecaminosa, existente em todo crente, embora não possa ser mudada, precisa ser mortificada e vencida pelo poder do Espírito Santo (Rm 8.13; Cl 3.5; Gl 2.19; 6.14).

2.2 Imaturidade espiritual. Imaturidade espiritual é um dos maiores obstáculos na vida espiritual do crente. O crente imaturo é aquele que não amadureceu, ou seja, que não cresceu espiritualmente. O apóstolo Paulo afirma que os crentes em Corinto eram “meninos em Cristo” (I Co 3.1). Vejamos algumas características dos “meninos em Cristo”:

• É infantil e imaturo (I Co 3.1).
• Se alimenta de “leite”, no sentido de rudimentos da doutrina (Hb 5.12,13). ? São inconstantes e levados por todo o vento de doutrina (Ef 4.14).

2.3 Falta de observância à Doutrina. Os cristãos em Corinto tiveram o privilégio de ser doutrinados pelo apóstolo Paulo (At 18.11; I Co 11.2), mas não perseveraram em seguir seus ensinamentos, e estavam alheios à doutrina. Eles não compreenderam que o equilíbrio e o crescimento de uma igreja dependem, principalmente, da observância da doutrina. O termo “doutrina” no N.T., deriva-se do grego “didachê” e significa “instrução” ou “ensino”. O apóstolo Paulo usou o termo diversas vezes em suas epístolas, afim de descrever o conjunto de ensinos e crenças que compunham a pregação cristã (Rm 6.17; 16.17; Ef 6.4; I Tm 1.3; 4.16; 6.3). Por não guardarem os ensinamentos do apóstolo e não perseverarem na doutrina, é que a igreja em Corinto estava envolvida não só com o partidarismo, mas também, diversos outros pecados, tais como: imoralidade sexual (I Co 5.1); litígio (I Co 6.1-6); idolatria (I Co 10.14), etc.

III - COMUNHÃO, O ANTÍDOTO CONTRA O PARTIDARISMO NA IGREJA

Ao tomar conhecimento do partidarismo na igreja em Corinto, o apóstolo Paulo enviou-lhes esta epístola, para, entre outros assuntos, lhes exortar acerca da necessidade da unidade cristã: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.” (I Co 1.10). A igreja não é uma empresa, um clube ou uma associação, e sim, o corpo de Cristo, e, cada crente em particular, é membro desse corpo (I Co 12.12,13).

3.1 Que significa o termo Comunhão? Comunhão, do grego “Koinonía” envolve a idéia de participação, companheirismo e contribuição. É o “Vínculo de unidade fraterna, mantido pelo Espírito Santo, que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Cristo Jesus” (II Co 13.13; I Jo 1.3). Este substantivo ocorre por dezoito vezes nas Escrituras (At 2.42; Rm 15.26; I Co 1.9; 10.16; II Co 6.14; 8.4; 9.13; 13.13; Gl 2.9 e outros) e tem o sentido de “partilhar de alguma coisa” (At 2.42; Rm 11.7; II Co 8.23; Gl 2.9; Fp 1.7; I Pe 5.1; I Jo 1.3); e “participar com algo” (II Co 9.13; Fp 1.5; Rm 15.26; At 2.44; 4.32).

3.2 Que significa a Comunhão dos Santos? É o vínculo espiritual estabelecido pelo Espírito Santo entre os que receberam a Cristo como seu único e suficiente salvador. Tendo como base o amor, esse vínculo faz com que os crentes sintam-se ligados num só corpo, do qual Cristo é a cabeça. O apóstolo Paulo, por mais de cento e sessenta vezes descreve que estamos “em Cristo”, descrevendo assim, a nossa comunhão com Ele (I Jo 1.3; Jo 14.16; Fp 2.1; II Co 13.13; Ef 4.1-6). A comunhão cristã desconhece distinções sociais, culturais e nacionais (Cl 3.11) e é vital à unidade e à paz da igreja.

CONCLUSÃO

Assim como em Corinto, a igreja hoje, também está sujeita ao partidarismo e facções no seu dia-a-dia, inclusive, com a formação de grupos em torno dos obreiros prediletos. No entanto, cabe a cada um de nós reconhecermos os males e os prejuízos do partidarismo na igreja, mortificar a natureza pecaminosa, e, acima de tudo preservar a doutrina e buscar a unidade cristã. Se assim o fizermos, estaremos imunes deste perigo.

BIBLIOGRAFIA:

• Bíblia de Estudo aplicação Pessoal. João Ferreira de Almeida. C.P.A.D.
• Comentário Bíblico Pentecostal. French L. Arrington e Roger Stronstad. CPAD. I & II CORÍNTIOS. Stanley Horton. CPAD.

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Publicado no site da Rede Brasil de Comunicação